quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Passaram anos desde que eu ganhei meu primeiro par de coturno , mas eu ainda os tenho.
Guardados no fundo do armário  eu deixo eles no escuro para que ninguém mais , além de eu saiba que eles estão ali.
Não os escondo, mas os resguardo; porquê o mundo fora do meu armário nem sempre consegue ver o quanto é bonito o diferente, o imperfeito , o errado .
Por isso deixo esse velho par só meu longe de tudo e todos .

domingo, 9 de outubro de 2011


Conheço os capitães da areia desde os meus 10 anos de idade , quando achei nas coisas do meu pai um livros velho, desgastado e que tinha na capa um desenho diferente . Lembro que o peguei, folheei , mas sem entender muito o levei para o meu quarto , como se fosse um tesouro que estava roubando.
A noite o abri e comecei a ler e durante três dias eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse naqueles meninos perdidos e sozinhos pelas ruas da Bahia .

Quando acabei a leitura tinha decidido ; quando crescesse iria ser um dos 'capitães da areia ' também!


E agora após longa espera chega aos cinemas brasileiros o filme 'Capitães da Areia' baseado na célebre obra de Jorge Amado , com direção e produção de Cecília Amado , trilha sonora de Carlinhos Brown e direção fotográfica de Guy Gonçalves .

Essa é um história sobre um bando de meninos de rua nos anos 30 que fazem do cais de Salvador seu quartel . Mas o imortal e intraduzível Jorge romantiza essa falha da sociedade moderna , que é a criança de rua ; mostrando o lado marginal com toda beleza e empatia que só ele poderia revelar .
O filme mostrar o coração de todas as crianças que vemos nos centros, nos faróis , embaixo das pontes, dormindo embaixo da chuva nas portas já fechadas das ruas .
Vemos na tela uma luta por sobrevivência , uma luta contra a fome e contra um mundo que não vê como esses ‘capitães’ poderiam ser tão mais se alguém simplesmente se importasse.
O final é um dos mais belos que já li , ou já vi ; pois fala de realidade , esperança , sonhos.
E afinal nada mais justo que nossas crianças sonhem e amanhã possam realizar.  
                            





terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lá fora fazem 11°c , no bolso tenho 75 centavos (roubados do troco do cigarro do namorado) e acabo de perder a reprise de Engraçadinha *


Feriadão prolongado ;
esse friozinho de matar e falta de grana podem parecer uma tragédia ,uma sacanagem divinal contra pobres assalariados , mas dependendo do seu ponto de vista até que também podemos nos divertir bastante...
Por exemplo:
Se estivesse sol ,tipo uns 39°c , eu estaria na praia, junto com 3/4 de São Paulo ou seja ; até chegar lá pegaria o tradicional transito da serra, chegando lá , graças a minha mãe e sua falta exagerada de pigmentação ; eu provavelmente pegaria insolação.
Ou seja trancada em casa , já estou economizando em compressas .
Se eu fosse rica, poderia também ir a Miami , e ai pegaria sol , e ai, a insolação.
Ou poderia simplesmente ativar meu lado hiperativo preguiçoso e ir aquela balada que as amigas já moram dentro. Afinal porque não passar a noite toda cercada de simpáticos paulistanos que nesse feriado também resolveram se enterrar no primeiro buraco que podiam pagar? Ah , me imagino agora na pista da balada, sem jeito porque odeio dançar, e aquele idiota - sabe aquele idiota que toda balada tem? aquele que te vê de longe ,você tenta fugir, desvia o olhar ,mas não consegue . é como se estivesse escrito na tua testa 'VEM ,QUE TÔ TE QUERENDO' e na verdade você não iria querer nem que fosse o último homem do universo.
E quando são 3 da manhã , suas amigas solteiras estão metade bêbadas e a outra metade 'na pegada', as que namoram ,claro, foram viajar , e você se vê der repente com frio ,sede, fome, dor nos pés e sem meio de transporte para sair de lá e se enterrar na cama.
Ai então eu sei que ; mesmo que tenha horas em que você pensa em cortar os pulsos só pra ver o que acontece de tédio, mesmo que meu namorado resolva que me provocar seja seu novo hobby, mesmo que a cerveja ou(e) o cigarro acabe(m) (NÃÃÃO) ; mesmo assim não tem nada como a sensação de não ter aproveitado esse esse feriado! Quer dizer , na verdade pude dormir mais de 12 horas seguidas depois de 6 meses de orelhas nada fashion's ,consegui me atualizar sobre a programação televisiva e finalmente vou poder me entrosar com as pessoas em elevadores sem me sentir constrangida. E O MELHOR de tudo ; nesse feriado finalmente consegui terminar aquele livro que comecei a três meses atrás e que eu adoro , mas nunca tinha tempo de terminar .
Ou seja um feriado produtivo e econômico!


Ps: Tá , na verdade não terminei de ler o livro , mas ainda tenho 24 horas para tentar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Solidão que nada

"Se estou sozinha na neve
é óbvio que sou um relógio
de outro modo como poderia
a eternidade deslizar..."
[Inger Christensen (Dinamarca, 1935-2009)]


Sozinha, completamente só, trancada nesse quarto como uma princesa trancada na torre mais alta do castelo sombrio.Uma princesa falida, mas cheia de riquezas dentro de mim.
Pode parecer só mais um dia ruim,só mais uma tpm,mas só eu sei a quanto tempo tenho essa tristeza sufocada,desesperada, como companhia .'E as paredes do meu quarto vão assistir comigoÀ versão nova de uma velha história E as paredes do meu quarto vão assistir comigo À versão nova de uma velha história'...e mais um ruim se acaba , mas uma xícara de chá , um maço de cigarro; menos um pulmão , um dia que se vai.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

21

“Cheguei no dia 1° de abril de 1989, era uma sexta feira 10 da manhã,
Cheguei fazendo barulho, mamãe chora e papai sorrir.
Chego agora aos 21 anos cheia de histórias pra contar .
Vivo num bairro nobre, com vizinhos velhos
Vivo num apartamento com a mamãe , dois hoolingas mais novos e 3 cachorros
Vivo numa eterna bagunça.
Tenho comigo os amigos mais loucos , mas os mais verdadeiros
Tenho o namorado mais doce , e mais boêmio
Terminei a escola , comecei a fazer faculdade , não me achei
Arrumei um emprego, faz dois anos e ainda não sei o que fazer da vida.
Da vida quero tudo que puder ter
Quero domingos chuvosos , segundas calmas e sextas com festas
Quero o sonho suburbano simples ; casa com jardim , cachorro no quintal , meu amor chegando pela porta ,crianças correndo por tudo
Quero chegar aos 70 segurando a mão dele ,mimando netos , escrevendo meus versos.
Meus versos , uma das minhas manias mais íntimas
Neles me exponho, me envergonho, me desfaço ,
Tento achar uma tradução do mundo
Tendo me traduzir, te entender, tento me achar.
Ás vezes acho uma explicação louca e a uso como plataforma pra discursos baratos em noitadas no bar ,
Ás vezes acho algumas verdades e me entristeço ;
Na maioria não acho nada .
Hoje , um domino chuvoso tento dormir
Mas sem ele aqui parece quase um pecado tentar deitar nessa cama .
Tento então um chá , alguns cigarros, e uma música ruim
Tento pensar num amanhã melhor , num outro lugar qualquer
Tento fechar os olhos
E acabo mais um dia , sem saber pra onde ir
Mas com a felicidade boba de saber da onde vim . ” Fernanda E.F

segunda-feira, 19 de abril de 2010

" É o telefone que não toca
meu sono que anda em falta
ele que não volta.
Essa saudades que me mata
esse amor solitário em mim
minha chefe que me empaca!
Sua ausência
Meus ciúmes
Nossa despedida,aquele beijo
Meu coração acha que está em decadência...
São todas os sonhos mortos todas as manhã
Toda falta que você me faz
As contas contas que vencem amanhã
O salário que não vem esse mês.
O telefone mudo
O bebê chutando
A cerveja esquentando
Eu me delatando com essa palidez.
é a saudades de você
é a saudades de dizer eu te amo ,sem doer
é a saudades daquela nossa felicidade..." Fernanda Elsborg Fernandes

segunda-feira, 1 de março de 2010

domingo, 27 de dezembro de 2009

There Is A Light That Never Goes Out ♥


“Todo mundo tem um dia ruim, um dia pra se sentir o mais desgraçado dos seres humanos.
O telefone insiste em tocar com alguém querendo me alegrar, um amigo querendo conversar, ou um amante querido oferecendo asilo político.
Eu ignoro , finjo que não é comigo, e quando de verdade começo a me incomodar com tanta empatia alheia saio por ai,
Procuro por gente ,desconhecidos desiludidos que aceitem mais uma alma miserável por perto.
Ouço músico, me embebedo, tento achar Deus numa rua escura e sombria
Tento achar alguém que me diga “tudo vai acabar bem!”, tento achar um ombro amigo que entenda o quanto essa noite eu preciso morrer.
Saio por ai, vou andando , vou tentando achar alguém,alguma coisa pra matar essa noite
Vou a procura de uma luz ,e se não à acho volto pra cama
E choro até dormir ; pra acabar com essa agonia, pra matar essa noite , pra quem sabe não ter que acordar mais . ”

Fernanda Elsborg Fernandes

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

le poète se présente à la salle de conférences ennuyée ♥

“No verão todo mundo é mais feliz
Os amantes saem para mostrar ao mundo sua felicidade conquistada
Os solitários são mais sinceros
E já não ligam para a solidão que carregam
Simplesmente a convidam para uma festa

As festas no verão vazem a vida mais amarga valer a pena
Os dias nos trazem aquele arzinho de esperança
De que coisas boas podem estar vindo
E as noites de verão
São da juventude
Que se revela nessa estação otimista
mais bonita do que pode vir a ser durante toda a sua vida.

No verão o poeta morre
As páginas dos diários permanecem em branco
Porque na verdade
Ninguém consegue traduzir o brilho do sol
Ninguém quer descrever essa festa
Com medo de que esteja perdendo a melhor parte dela. “

Fernanda Elsborg Fernandes
10 de dezembro de 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Por que algumas pessoas nunca deixam o colégio

“Outro dia voltando pra casa do trabalho uma garota no ônibus me abordo com a mais típica e irritante frase:”Não acredito,você por aqui!”
Não tive o que responder a não ser um “o quê?’
A garota claro, ficou roxa e eu intrigada se conhecia ou não ela.
Nos quarenta e cinco minutos seguintes do meu trajeto para casa a garota, que então descobri que se chama Kátia, não parou de tagarelar o como eu estou diferente e igual ao mesmo tempo e o quanto ela tinha saudades das nossas conversas e manhãs juntas.
Entrei em desespero ; eu de manhã me socializando?
Da onde ela tinha surgido?Da onde eu conhecia ela?
Do que ela estava falando???
Então veio uma pista .Ela mencionou que ainda tinha saudades das encrencas que eu metia ela tentando colar nas provas do fim de ano.
Ai descobri , eu e a Kátia estudamos juntas na 8° série.
Por um instante fiquei radiante de saber quem era aquele ser na minha frente .
Mas em seguida voltei a realidade e me deparei com a Kátia tagarelando felicíssima por que esta noiva e acabou de ser promovida no trabalho.
Então veio a pior parte , a minha vez de contar como estava a minha vida.Eu que não durmo a uma semana desesperada com uma reunião com meus chefes que duas horas antes eu havia descoberto que foi remarcada pra daqui a duas semanas; à 1um mês acabei meu namoro de quatro anos, e , ainda por cima tinha ficado com preguiça de passar maquiagem e de pentear o cabelo , bem nesse dia.
Como uma boa ariana, sorri e respondi “ A vida vai bem “ . Simples , direta e discreta .
A tal Kátia me olhou meio desapontada pela minha falta de sociabilidade nata e de intimidade, se despediu e desceu do ônibus; prometendo claro me ligar para marcarmos de sair juntas .
Eu enfim respirei aliviada.
Agora parando para pensar sei que pareço uma desajustada social ,grossa e mau educada,mas nunca fui muito boa nisso .
Minhas amizades são todas de anos , a mais nova delas dura já a três anos .Se perco o contato ou me distancio pra mim é quase como se nunca tivesse acontecido.
Às vezes perco pessoas maravilhosas por esse meu defeito, mas ele já é crônico e acho que me acomodei de mais a ele para mudar agora.
Mas o quê mais me intriga é o fato de eu não freqüentar o colégio a quatro anos e ainda sim não consigo dormir pensando em como a Kátia vai bem, em como ela está linda, e em como eu preciso voltar a andar de metrô!”

Maria Fernanda Elsborg Fernandes ♥