“Outro dia voltando pra casa do trabalho uma garota no ônibus me abordo com a mais típica e irritante frase:”Não acredito,você por aqui!”
Não tive o que responder a não ser um “o quê?’
A garota claro, ficou roxa e eu intrigada se conhecia ou não ela.
Nos quarenta e cinco minutos seguintes do meu trajeto para casa a garota, que então descobri que se chama Kátia, não parou de tagarelar o como eu estou diferente e igual ao mesmo tempo e o quanto ela tinha saudades das nossas conversas e manhãs juntas.
Entrei em desespero ; eu de manhã me socializando?
Da onde ela tinha surgido?Da onde eu conhecia ela?
Do que ela estava falando???
Então veio uma pista .Ela mencionou que ainda tinha saudades das encrencas que eu metia ela tentando colar nas provas do fim de ano.
Ai descobri , eu e a Kátia estudamos juntas na 8° série.
Por um instante fiquei radiante de saber quem era aquele ser na minha frente .
Mas em seguida voltei a realidade e me deparei com a Kátia tagarelando felicíssima por que esta noiva e acabou de ser promovida no trabalho.
Então veio a pior parte , a minha vez de contar como estava a minha vida.Eu que não durmo a uma semana desesperada com uma reunião com meus chefes que duas horas antes eu havia descoberto que foi remarcada pra daqui a duas semanas; à 1um mês acabei meu namoro de quatro anos, e , ainda por cima tinha ficado com preguiça de passar maquiagem e de pentear o cabelo , bem nesse dia.
Como uma boa ariana, sorri e respondi “ A vida vai bem “ . Simples , direta e discreta .
A tal Kátia me olhou meio desapontada pela minha falta de sociabilidade nata e de intimidade, se despediu e desceu do ônibus; prometendo claro me ligar para marcarmos de sair juntas .
Eu enfim respirei aliviada.
Agora parando para pensar sei que pareço uma desajustada social ,grossa e mau educada,mas nunca fui muito boa nisso .
Minhas amizades são todas de anos , a mais nova delas dura já a três anos .Se perco o contato ou me distancio pra mim é quase como se nunca tivesse acontecido.
Às vezes perco pessoas maravilhosas por esse meu defeito, mas ele já é crônico e acho que me acomodei de mais a ele para mudar agora.
Mas o quê mais me intriga é o fato de eu não freqüentar o colégio a quatro anos e ainda sim não consigo dormir pensando em como a Kátia vai bem, em como ela está linda, e em como eu preciso voltar a andar de metrô!”
Maria Fernanda Elsborg Fernandes ♥